A tristeza espelhada nos seus olhos, a expressão de conformismo, num misto de raiva controlada, que atentamente encontramos nos seus rostos atípicos.
Não posso acreditar que, vendo a mágoa, o sofrimento, o frenesi dos movimentos das sapateiras, santolas, lagostas, caranguejos, entre outros crustáceos, barbaramente chamados de marisco, que se encontram em recipientes de vidro, por essas cervejarias afora, possam, consigam, ou tenham vontade, não… coragem em mastigar semelhantes criaturas, acompanhados por esse “utensílio de mesa” barbaramente utilizado – refiro-me ao martelo.
Não tenho palavras para expressar tamanha revolta que sinto pela brutalidade desprovida de qualquer resquício de … vergonha, pudor, ou de gratidão que seja Pelo menos).
Vejam as condições de vida em que se encontram… não são condições de vida, é antes armazenamento!
Eu sei que nunca se deram ao trabalho de olhar frente-a-frente para uma sapateira e tentar ler-lhe nos olhos o turbilhão de sentimentos que lhe vai na alma; a raiva que ela sente por ti, cada vez que vê os mesmos dentes que, passados uns minutos acabarão com a miserável vida que é a dela. Ou seja, o carrasco que põe termo ao seu sofrimento, foi a razão de ser dele mesmo…
Não quero deambular por aí falando deste e daquele que nos dão tanto prazer e de quem não têm o mínimo de agradecimento que seja o do reconhecimento da vida que este prazer tira.
Eles amam, eles odeiam, eles, no fundo sentem, estes crustáceos.
Outros haverá… já pensaram no sofrimento que causaram àquele caracol, no meio daquelas centenas que comem, SÓ PARA ACOMPANHAR AS CERVEJAS…que o cozeram, que o afogaram… e para ser mais apetitoso, teve de ser uma morte lenta! A adrenalina que fica no corpo do caracol que sabe que vai morrer é um petisco…
Não menosprezem o que não conseguem compreender; a culpa da falta de entendimento é vossa.